Moradores e empresários amargam perdas por conta da falta de luz no distrito; pelo menos três dias da semana localidade fica às escuras

Em pelo menos três a cada sete dias da semana não há energia elétrica. Esta é a realidade dos produtores, empresários e famílias que vivem em distritos de Vassouras, em especial em São Sebastião dos Ferreiros.

O caos provocado pelo desabastecimento de energia por parte da Light já se arrasta, segundo moradores, há mais de oito meses. E pior: sem solução por parte da concessionária que já acumula inúmeras reclamações judiciais impetradas pelos empresários e moradores locais.

Alexandre Torres Homem, empresário e economista, é um dos que se queixam sobre a constante falta de energia. Ele ressalta, inclusive, que por conta da falta de luz, em boa parte do tempo a produtividade regional está comprometida. Setores como pecuária de corte e de leite, por exemplo, que não podem ativar suas máquinas de silagem, ordenha, irrigação e refrigeração, estão entre os que mais somam prejuízos.

O empresário reforça que vários animais morrem por falta de reposição de água nos cochos que ficam em localidades mais distantes e de difícil acesso. Piscicultores também sofrem com a falta de energia e perdem parte de seus cardumes de Tilápia, Carpas e outros peixes devido a constante interrupção de energia.

Apesar dos protocolos comprobatórios da concessionária, as reparações levam em média mais de 12 horas.  “Um verdadeiro absurdo”, diz Alexandre, que tem propriedade na região há 40 anos, ressaltando que outro setor que vem sofrendo com a falta de luz são os hoteleiros, que recorrem ao uso constante de geradores, com custos elevados.

Para tentar resolver o problema, o empresário, após inúmeras queixas à Concessionária Light, decidiu acionar a justiça. O retorno, porém, ainda não saiu do papel. “Os resultados além de morosos não alcançam a devida reparação por parte da justiça”, disse Alexandre.

ÊXODO RURAL

Por falta de luz, a vida dos trabalhadores rurais também não tem sido nada fácil. E deixar o trabalho no campo, migrando para as cidades, tem sido uma das alternativas de várias famílias dessas localidades, que sem energia elétrica para manutenção de suas casas, acabam optando pela mudança, ainda que sem emprego.

Viver no campo se torna uma tarefa extremamente difícil. E a situação só se agrava, porque perdemos excelentes profissionais que vão para a cidade em busca de melhorias na qualidade de vida. E o campo vai ficando cada vez mais esquecido, em contrapartida com cidades superpopulosas – avaliou o empresário.

Para o empresário, a falta de modernização das redes (antigas, obsoletas e sem a devida manutenção de podas da vegetação) é um dos fatores que dificulta a qualidade do atendimento prestado pela concessionária. Com o calor e aumento do consumo de energia a situação se agrava.

As temperaturas mais elevadas potencializam o sofrimento dos contribuintes, pois sem energia, não se tem geladeira, ventilador, internet, tevê etc. As empresas amargam sérios prejuízos, com perda de insumos e produtos. “Os produtores rurais que dependem da energia para irrigar as suas plantações, dar de beber aos animais e acionar máquinas, afinal de contas, sem energia a maior parte das pequenas e médias empresas não têm como recalcar e distribuir água nos setores agrícola e da pecuária, são os mais prejudicados” – concluiu o empresário.

LIGHT

Somando inúmeras queixas por conta das constantes quedas de energia pelo estado do Rio de Janeiro, a Light foi alvo, somente no ano passado, de diversas ações, entre elas, audiências públicas e multas aplicadas pelo Procon RJ. Procurada pela Redação da TRIBUNA DO INTERIOR, a assessoria de Imprensa da Light não retornou o contato até o fechamento desta edição.

Foto: Nathan Calvário