Para Rafael Azevedo, iniciativa deveria inspirar outros municípios do Rio de Janeiro
Para o museólogo Rafael Azevedo, o Museu de Arte Sacra de Vassouras é um exemplo e deve servir de inspiração para outras paróquias do estado do Rio de Janeiro. “Que o exemplo de Vassouras sirva de inspiração para outras paróquias do Estado do Rio de Janeiro. O patrimônio sacro é vasto, diverso e, em muitos casos, subutilizado. Museus paroquiais bem concebidos podem ser, simultaneamente, espaços de memória, fé, pesquisa e desenvolvimento local. Basta que sejam vistos não como exceções, mas como política cultural concreta, replicável e adaptável à realidade de cada município”, escreveu Azevedo, que atua no Iphan e é doutor em Artes Visuais, em artigo publicado no Diário do Rio, um jornal eletrônico carioca.
Inaugurado em março, o Museu de Arte Sacra de Vassouras foi instalado no antigo consistório, no segundo pavimento da Matriz de Nossa Senhora da Conceição. No acervo do museu estão indumentárias, imagens e objetos litúrgicos. O acervo levou dez anos para ser restaurado pela Igreja e se encontrava em uma sala fechada. Em fevereiro, uma parceria com o poder público tornou possível a exposição sua exposição. A parceria firmada entre a Paróquia Nossa Senhora da Conceição e a Secretaria Municipal de Turismo garante que servidores treinados possam acompanhar moradores e turistas em visitas guiadas ao Museu. “O Museu não é importante apenas para quem é religioso. Trata-se de arte, de história”, afirma o padre José Antônio da Silva, um entusiasta do museu.
O pároco destaca no acervo a existência de um quadro doado à Matriz pelo Barão do Amparo, em 1884. Em sua edição de 10 de agosto de 1884, o jornal Vassourense publica a notícia da doação, com um agradecimento do então pároco da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Cônego Lino da Silveira Gusmão. Trate-se da tela O Sepultamento de Christo, obra do pintor Otto Venius, que viveu entre 1556 e 1629, na Europa. Segundo noticiou o periódico vassourense, o Barão do Amparo adquiriu a tela em 1884, quando passeou pelo Velho Continente. Segundo José Antônio, a Igreja avalia como melhorar a acessibilidade ao segundo pavimento da Matriz, para garantir a visita de pessoas com alguma dificuldade de locomoção.
Rafael Azevedo esteve em Vassouras no mês passado. Conheceu o museu quando visitou a Matriz de Nossa Senhora da Conceição. A visita acabou se tornando tema de sua coluna no Diário do Rio. “Mais do que uma simples sala expositiva, o que se percebe é um esforço consistente de musealização de todo o edifício, com resultados já visíveis: há galerias montadas no térreo, identificação de objetos nos retábulos e capelas laterais, textos informativos plotados nas paredes, e, sobretudo, uma mobilização genuína da paróquia e da comunidade local em torno da valorização do espaço como lugar de memória e cultura”, escreveu.
Ele destaca, também, a resposta do público ao novo espaço. “Desde sua inauguração, em março deste ano, o museu já recebeu mais de 1.200 visitantes – número expressivo para um espaço recém- -criado e mantido com recursos limitados. A visitação guiada é oferecida gratuitamente de sexta a domingo, das 9h às 16h, com monitores capacitados cedidos pela Prefeitura de Vassouras, que atua como parceira do projeto. A adesão da população local e de turistas indica que, quando há planejamento e cooperação, é possível ativar o potencial cultural das nossas igrejas históricas de forma qualificada e sustentável”.