10:24 - 11 de dezembro de 2025.

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Museu Vassouras é inaugurado e reforça memória, identidade e tradições do Vale do Café

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Com “Chegança”, exposição que celebra os ritos, os percursos, as vozes e a música da região, Museu recebe milhares de pessoas em sua estreia

 

A manhã do sábado, 6, marcou um momento histórico para Vassouras: foi inaugurado oficialmente o Museu Vassouras, novo equipamento cultural instalado no coração do Centro Histórico. Localizado na Praça Barão de Campo Belo, o espaço abriu suas portas gratuitamente, celebrando as raízes, a identidade e o patrimônio cultural do Vale do Café.

A abertura foi marcada por ampla programação, que incluiu apresentações de jongo, shows, rodas com especialistas e atividades educativas. O destaque ficou por conta da “Exposição Chegança”, que segue aberta à visitação até 31 de maio de 2026.

Exposição celebra memória e ancestralidade

Com curadoria de Marcelo Campos e assistência curatorial de Thayná Trindade, a mostra “Chegança” reúne a obra de mais de 60 artistas, compondo um diálogo entre memória, ancestralidade e identidade. Entre documentos históricos, pinturas, objetos e peças de todo o Brasil, o visitante encontra também narrativas profundamente ligadas à história de Vassouras e da região do Vale do Café.

“Além das obras de artistas contemporâneos, também comissionamos trabalhos que se aproximam da região, como o quilombo São José, e contemplamos produções indígenas, afro-brasileiras, folias, sambas e rituais populares”, explica o curador.

Uma das obras mais celebradas é o quadro “Figura só” (1930), de Tarsila do Amaral, cedido pelo MASP especialmente para a inauguração e exibido na sala “Milagre”.
Outra área de grande interesse é o espaço “Folia”, dedicado às festas populares do Vale, à cultura negra e ao universo do carnaval. Já a sala “Vapor/Trem” aborda o período pós-abolição, o deslocamento de trabalhadores para o Rio de Janeiro e a difusão do jongo, reunindo imagens que retratam trens, trilhos e estações que conectavam o Vale do Café à Central do Brasil.

“O conceito da exposição está ligado à ideia de travessia e chegada, à circulação de pessoas, saberes e práticas culturais que formam a identidade do Vale do Café. A exposição é construída como uma travessia em relação à própria região, muito pautada nos diálogos que tivemos sobre a área e nas escutas que fizemos com as comunidades locais”, disse Marcelo Campos ao grade público que teve o privilégio de participar de uma visita guiada por ele.

 

Um prédio histórico devolvido à cidade

O museu ocupa um dos casarões mais emblemáticos de Vassouras, cuja história começa em 1848, quando o imóvel abrigou o primeiro hospital da cidade, o Hospital Nossa Senhora da Conceição. Em 1910, tornou-se o Asilo Barão do Amparo e, em 1986, foi tombado pelo IPHAN.

Durante décadas, porém, o prédio sofreu com a deterioração e chegou a ser interditado pelo Ministério Público Estadual em 2007, devido ao risco de desabamento.

A virada começou em 2019: após uma longa jornada de restauração realizada pelo Instituto Vassouras Cultural, do empresário apaixonado por Vassouras Ronaldo Cézar Coelho, o imóvel renasce agora como museu — preservado, cuidado e devolvido à população em sua forma mais nobre.

Com 3.331 m², o espaço oferece salas expositivas, pátio, jardins, ambientes multimídia, loja e café, articulando preservação histórica e flexibilidade para atividades culturais, oficinas e encontros comunitários.

 

Programa público e material educativo

Durante todo o período da mostra, o Museu Vassouras promoverá ativações mensais com performances, oficinas, rodas de conversa e encontros de folias e jongo, ampliando o diálogo entre artistas e comunidade.

Em paralelo, será lançado um material pedagógico, desenvolvido em parceria com o JA.CA e a Cosmopolíticas Editoriais, voltado para professores e alunos das escolas da região, abordando os temas da exposição a partir de uma perspectiva plural e inclusiva. O material visa fortalecer o vínculo entre o museu e a educação, promovendo a escuta ativa e o pertencimento das comunidades locais.

 

Cultura viva no coração da cidade

Com a inauguração, Vassouras ganha um novo ponto de encontro, pesquisa e celebração de sua história. Moradores e visitantes já podem conhecer o espaço que promete se tornar referência cultural no Vale do Café e orgulho do patrimônio vassourense.

 

Museu Vassouras inaugura café assinado por Marcelo Maracajá e pelo chef Nilson Chaves Jr

Junto à abertura oficial do Museu Vassouras, a cidade também ganhou neste sábado um novo espaço gastronômico: o Café do Museu, que passa a funcionar dentro do casarão histórico da Praça Barão de Campo Belo. O ambiente, com uma vista de tirar o fôlego, será administrado por Marcelo Maracajá, proprietário do Orbital Space Bar, e pelo chef Nilson Chaves Jr., profissional com experiência em cozinhas de Nova Iorque, Rio de Janeiro e Londres.

O novo café chega com a proposta de unir hospitalidade, gastronomia contemporânea e referências às tradições do Vale do Café, oferecendo ao público uma experiência que complementa a visita ao museu. Segundo os administradores, o cardápio foi pensado para valorizar ingredientes locais, combinando técnicas modernas com sabores afetivos da região.

O Café representa uma oportunidade de aproximar o público da cultura local por meio da gastronomia.

Aberto de quinta a domingo, de 10 às 19 horas, o Café do Museu promete se tornar um novo ponto de encontro para moradores e visitantes, contribuindo para a movimentação do Centro Histórico e fortalecendo o circuito cultural e turístico de Vassouras.

Café do Museu

 

 

 

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