Um culto ecumênico organizado pela Secretaria Municipal de Cultura e a apresentação do Jongo Caxambu Renascer marcaram, na segunda-feira, dia 6, a celebração dos 182 anos de morte do líder negro Manoel Congo, condenado à forca em 1839 por liderar, no ano anterior, uma das maiores rebeliões de escravizados no século XIX. Uma lei estadual declarou Manoel Congo – e sua companheira de levante, Mariana Crioula – herói do Estado do Rio de Janeiro. Em Vassouras, a vice-prefeita Rosi Farias, enquanto vereadora, conseguiu aprovar a lei que instituiu o 6 de setembro como o Dia Municipal em Memória de Manoel Congo.
Durante o culto, que contou com a participação do padre José Antônio e pastores de denominações evangélicas, Rosi lembrou a motivação para apresentar o projeto de lei. ““Eu enquanto estive vereadora fiz questão de fazer com que essa data fosse celebrada de alguma forma. A história deve ser sempre lembrada, é assim que construímos o nosso patrimônio material e imaterial”, afirmou. Ex-deputada estadual responsável por apresentar a lei que transformou Manoel Congo em herói do estado do Rio de Janeiro, Inês Pandeló falou sobra a importância de se divulgar a luta dos escravizados da região. “Quando eu conheci esta história entendi que era preciso que a população se apropriasse dela, que soubesse que aqui na região aconteceu uma revolta exigindo liberdade. Foi por isso que transformamos Manoel Congo e Mariana Crioula em heróis do Rio de Janeiro. De lá para cá tenho notado que cada vez mais gente se debruça sobre este tema”, afirmou a ex-parlamentar.
A secretária de Cultura, Ângela Maria, falou sobre a celebração. “A luta de Manuel Congo e de tantos outros escravizados, nos mostra a importância de lutar pela nossa liberdade, pelos nossos sonhos e pelo que acreditamos”, disse. A Revolta de Manuel Congo é tida como um exemplo da resistência ao trabalho escravo e luta pela liberdade. Congo foi processado e condenado à morte na forca pelo crime de insurreição, sendo executado em 6 de setembro de 1839.
O ponto alto da celebração foi a apresentação do Jongo Caxambu Renascer, liderado por Cláudia Mamede. Criado no início da década passada por Cláudia e seu irmão mais velho, o grupo resgatou uma prática corrente entre os escravizados e seus descendentes em Vassouras e adormecida por décadas. Uma homenagem simples, mas emocionante para quem ousou lutar por liberdade e pagou com a própria vida por ela. Após a apresentação, uma roda de conversa entre os presentes, como a turismóloga Andréia PIT, mostrou que a luta de Manoel e Mariana segue presente. Na luta diária contra a intolerância religiosa, o racismo e a desigualdade racial. Muita coisa já mudou, mas muita coisa ainda precisa ser superada. O grupo debateu a importância de ações afirmativas e políticas públicas para a superação do racismo.
Uma resposta
É ridícula uma festividade, para homenagear um negro como Manuel Congo, ter o título de encontro ecumênico quando só é citado na matéria a presença de cristãos católicos e evangélicos. Onde estão os verdadeiros representantes do povo negro e de sua religiosidade e cultura? Infelizmente, continuamos a luta contra a intolerância religiosa e o monopólio cristão. Infelizmente repugnante, vergonhoso e hipócrita