Segunda-feira é dia de aniversário.
Dia de celebrar a fundação do município de Vassouras.
“Salve! Salve! Vassouras gloriosa!
Salve! Berço de tantas tradições
Do teu passado a imagem grandiosa
Gravada vive em nossos corações”
Gerações e gerações de vassourenses já cantaram o hino composto por Walfrido Silva e Luiz Seabra.
O hino surgiu em 1933, quando o governo do prefeito Mauricio de Lacerda, para muitos o mais competente da nossa história, organizou a festa pelo centenário de criação da Vila de Vassouras. Na época, Vassouras soprava velinhas em 15 de janeiro. Se ainda comemorássemos a criação da vila, teríamos feito festa em janeiro nossos 192 anos.
A historiografia nos ensina que tendências vêm e vão. Nada impede que, no futuro, alguém se recorde de celebrar a Vila de Vassouras e mude de novo a festa do aniversário de lugar no calendário. Mas segunda-feira, 29 de Setembro, nós vamos celebrar os 168 anos da criação do município de Vassouras.
Dia de festa, de shows populares, de desfiles cívicos.
Mas, principalmente, dia de refletir sobre nossa história, nossa gente.
A TRIBUNA DO INTERIOR se orgulha de ser o jornal mais longevo de toda a trajetória de Vassouras. Ao longo dos quase dois séculos de história vassourense, nenhuma outra publicação contou, por tanto tempo, seus acontecimentos, sua trajetória, as dores e as conquistas de sua gente.
Quando surgimos, em fevereiro de 1984, Maurício de Lacerda já fazia parte da história, mas ainda não era possível apontar uma série de personalidades que, hoje, são visivelmente importantes na história do município.
Marco Antonio Vaz Capute, por exemplo, era ainda um jovem funcionário da Petrobras, com cinco anos de aprovação no concurso público.
Luís Roberto Barroso, que visitou a cidade natal recentemente, na inauguração das obras do Museu de Vassouras, como presidente do Supremo Tribunal Federal, era ainda um advogado iniciante, na flor de seus 25 anos de idade.
Severino Sombra de Albuquerque, o visionário cearense que mudou a história do município ao criar aqui a Fundação que leva o seu nome e é a mantenedora da Universidade de Vassouras e do Hospital Universitário, ainda estava longe de ser a unanimidade que é hoje.
A Tribuna do Interior viu a Fusve se tornar o que é hoje.
Viu Severino Sombra se tornar o divisor de águas da história recente. Antes, acompanhou os tempos em que o general era um mortal – que enfrentava até greves e protestos de estudantes.
Acompanhou Marco Capute abandonar a aposentadoria para ganhar pelo voto a presidência da Fusve e reinventar o legado de Severino Sombra.
Nascemos cobrindo os últimos anos do governo de Narciso da Silva Dias.
Trouxemos para as bancas – sim, a vida da cidade já passou fundamentalmente pelas bancas de jornais — uma ampla cobertura de todo o movimento pela emancipação de Paty do Alferes.
Ecoamos o grito de uma região inteira pelo asfaltamento da RJ 121, que liga Vassouras a Miguel Pereira passando por Sacra Família e Morro Azul do Tinguá.
Em 1988, estampamos em nossas páginas a surpreendente vitória de um nordestino que parecia fadado a perder a eleição, mas fez história tão pujante quanto curta na cidade: Severino Ananias Dias, o pai.
Anos depois – sete para ser exato – choramos o horror de seu covarde assassinato.
Presenciamos o segundo mandato de quem fazia parte da cena política de Vassouras desde os anos 1960 – Pedro Ivo da Costa.
E também vimos o surgimento de surpresas como o médico Renato Antônio Ibrahim, que governou Vassouras entre 1993 e 1996.
Pedro Ivo da Costa era o prefeito de Vassouras quando a cidade chorou e se despediu de Severino Sombra, em um funeral que o Sombrão jamais esquecerá.
Novas lideranças surgiram. Como Altair Paulino de Oliveira Campos. Outras reapareceram, como Eurico Pinheiro Bernardes Júnior, um dos líderes da emancipação de Paty quando era vereador no antigo município de Vassouras e anos mais tarde prefeito por decisão da Justiça Eleitoral, que cassou a reeleição do médico Altair Paulino.
Acompanhamos o aparecimento de Renan Vinícius de Oliveira, que se elegeu precocemente como vereador, presidente da Câmara e, mais tarde, prefeito.
Severino Dias, o filho, foi outro que vimos surgir como vereador e acompanhamos como prefeito eleito e reeleito.
Tivemos tempo também de acompanhar Rosi como vereadora, primeira mulher presidente da Câmara e, desde o ano passado, primeira mulher a governar o município.
Os tempos mudaram.
A TRIBUNA DO INTERIOR vem de longe.
Nascemos em uma Vassouras analógica. Em que nossos leitores faziam fila na banca para saber das últimas notícias da cidade e da região.
Hoje, cientes das dificuldades de se manter um jornal em tempos de influenciadores, vídeos viralizados e outros modismos, mantemos o nosso compromisso com o jornalismo, com a informação. Estamos em outras plataformas, somos espalhados pelo whats app e brotamos nas telas planeta afora, mas seguimos humilde e orgulhosamente nas bancas de Vassouras e região.
E, tal qual escreveu Walfrido Silva em 1933, lembramos à aniversariantes que “seus filhos te saúdam neste dia”.
Feliz aniversário, Vassouras!
Se depender de nossa teimosia – e de nosso compromisso com a cidade e com o jornalismo — ainda vamos celebrar esta e outras datas por muitos anos.