14:28 - 10 de dezembro de 2024.

Sem Cedae, vassourense sofre com a pior crise de f...

Sem Cedae, vassourense sofre com a pior crise de fornecimento de água das últimas décadas

 em Vassouras

Empresa privada que assumiu em agosto o fornecimento culpa cheia do Paraíba do Sul; prefeito cobra carros-pipa para minimizar sofrimento

 

A quaresma começou seca em Vassouras. Problemas no fornecimento de água no município, operado desde agosto do ano passado pela concessionário Rio + Saneamento, deixaram o vassourense sem água em todos os bairros da cidade. Na sexta-feira, dia 24, o centenário Colégio dos Santos Anjos fechou as portas por conta da falta d´água, liberando os alunos do turno da tarde.

 

A concessionária admitiu o problema e culpou o verão chuvoso, com a consequente cheia do rio Paraíba do Sul pelo problema, além de problemas no fornecimento de energia elétrica. “A Rio+Saneamento informa que as frequentes oscilações no fornecimento de energia elétrica e a progressiva elevação do nível do rio Paraíba do Sul prejudicam o abastecimento de água em parte do município de Vassouras, no Centro-Sul Fluminense. O problema afeta 22 bairros da cidade. As chuvas que atingem a região desde o último fim de semana, além de aumentarem a vazão, gerando transbordamentos em vários trechos, resultaram no acúmulo de resíduos na captação de água bruta (não tratada) do distrito (sic) de Barão de Vassouras, reduzindo a capacidade de operação da unidade”, diz um comunicado à imprensa disparado pela assessoria da empresa na tarde da sexta-feira, citando o bairro onde é feita a captação da água bruta, chamado erroneamente de distrito.

 

Em outro trecho, a empresa se queixa da concessionária de energia elétrica, a Light. “Além disso, as instabilidades no fornecimento de luz provocaram uma pane na subestação de energia da captação, paralisando temporariamente o funcionamento da unidade. Equipes da Rio+Saneamento e da concessionária responsável pelo fornecimento de eletricidade na região trabalham para solucionar os problemas e retomar o abastecimento de água em Vassouras o quanto antes. O fornecimento está temporariamente reduzido em 22 bairros: Alto do Rio Bonito, Barão de Vassouras, Barreiros, Bocaina, Cacique, Campo Limpo, Carvalheira, Centro, Grecco, José de Barros, Loteamento Veneza Parque, Madruga, Mancusi, Matadouro, Melo Afonso, Morro da Vaca, Parque Esperança, Parque Imperial, Residência, Santa Amália, Santa Terezinha e Vicente Celestino”.

 

As torneiras secas causaram revolta entre os moradores da cidade. Nas redes sociais e nos grupos de aplicativos de mensagens o vassourense externou o seu descontentamento. Na sexta-feira, um grupo organizou um protesto na porta do escritório da empresa, na Rua Otávio Gomes, no Centro. O vereador Kiko Brando participou do protesto e esteve com a gerência da empresa. Pelas redes sociais, o parlamentar chegou a anunciar que as bombas já estariam funcionando e o fornecimento seria normalizado ainda na madrugada de sábado. Na mesma sexta-feira, o vereador Victor Setaro, também pelas redes sociais, anunciou que protocolou uma notícia de fato pedindo providências do Ministério Público contra a Rio Saneamento . “Estamos passando por problemas que nunca ocorreram nos tempos da Cedae”, afirmou o vereador.

 

No sábado, apesar da promessa da concessionária, o serviço não foi normalizado. Moradores relatam que a água caiu em pouca quantidade. Em outros, ela chegou turva e imprópria para o consumo. Moradores de outras regiões se queixam das caixas ainda secas. No sábado, o prefeito Severino Dias se pronunciou. Disse que também sofre com a falta d´água e mostrou irritação com a concessionária. “A cidade vem sofrendo com problemas no fornecimento e esta semana a coisa passou de todos os limites”. O prefeito afirmou que não tinha opção e se viu obrigado a concordar com a entrada de Vassouras no leilão do saneamento do estado. “Não tinha opção. Ou entrava no leilão ou o município assumia o serviço. E Vassouras não tem a mínima condição de fazer isso”, afirmou o prefeito. Nas redes sociais, no entanto, já circulam um vídeo do então assessor especial da Secretaria de Estado da Casa Civil afirmando, em uma audiência pública na Alerj, que a adesão dos municípios foi voluntária e que alguns até se recusaram a entrar no leilão. Severino Dias afirmou ainda que foi até a concessionária e pediu para que mais caminhões pipas fossem enviados a Vassouras, que só teria dois operando. O prefeito informou ainda que ordenou que a Rio + não cobrasse pelos caminhões pipa, que seriam um paliativo para minimizar o sofrimento do vassourense.

 

No domingo, dia 26, o vassourense seguia sofrendo com a falta d´água em um dos dias mais quentes do ano, com a temperatura máxima passando dos 32 graus. Pelas redes sociais, moradores convocaram para uma nova manifestação na porta da Rio + Saneamento, na manhã da segunda-feira, 27. Moradores compareceram em maior número que na sexta-feira. Prometem montar uma comissão para se reunir com o prefeito e cobrar um posicionamento da Câmara de Vereadores. Ainda no domingo a Secretaria Municipal de Educação divulgou nota informando que as escolas municipais da cidade não funcionariam na segunda, 27. As escolas estaduais seguiram funcionando. A Faetec, no entanto, também não abriu as portas por conta da falta d´água.

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