05:42 - 18 de maio de 2024.

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Argentina pode ser a primeira pessoa a percorrer o Caminho da Mata Atlântica, trilha de mais de 4 mil km entre o Rio e o Rio Grande do Sul

 em Brasil

Uma argentina de 25 anos pode se tornar a primeira pessoa a atravessar o Caminho da Mata Atlântica, uma trilha de mais de quatro mil quilômetros que vem sendo consolidada para ligar o Parque Estadual do Desengano, no Rio de Janeiro, ao Parque Nacional dos Aparados da Serra, no Rio Grande do Sul. A comerciária Julietta Santamaria, estudante de Logística, largou Buenos Aires para tentar a façanha. Ela começou a jornada no Norte Fluminense, passou por outras regiões do Rio e chegou à região esta semana. Passou quatro dias hospedada no Rancho da Paula. “A galera do Vale do Café se mobilizou para me acompanhar nesse período, para que eu pudesse fazer este trecho com segurança”.

Para chegar ao objetivo final, Julietta terá de atravessar cinco estados brasileiros, 132 municípios e mais de 130 unidades de conservação. “O Caminho da Mata Atlântica é uma iniciativa de regeneração e conservação da Mata Atlântica tendo como eixo central de sua proposta o engajamento da sociedade através do fortalecimento das cadeias produtivas do turismo, da agroecologia e da restauração florestal por onde passa. No eixo de turismo nossa atividade central é a implementação da Mega Trilha (mega trilhas são trilhas com mais de mil quilômetros) do Caminho da Mata Atlântica, a maior trilha em implementação no Brasil, passando por 132 municípios, cinco estados e duas macrorregiões”, explica Chico Schnoor, coordenador nacional do Caminho da Mata Atlântica.

 

Como a trilha ainda está sendo implementada, o desafio de Julieta é ainda maior. Dos mais de 4 mil quilômetros, pouco mais de 900 quilômetros estão sinalizados. Como apoio, ela conta com 108 parceiros cadastrados no site do Caminho da Mata Atlântica, entre guias, pousadas e campings, além de 4 mil 393 voluntários. Além, claro, da solidariedade brasileira. Paula Vianna, proprietária do Rancho da Paula, por exemplo, não era parceira ou voluntária do Caminho, mas tão logo soube da aventura da argentina resolveu ajudar e garantiu a hospedagem dela por quatro dias, enquanto durou a saga de Santa maria no Vale do Café. Simpática, ela recebeu a reportagem da TRIBUNA DO INTERIOR e conversou sobre os desafios que resolveu enfrentar. Sobre a maior dificuldade na região, não teve dúvidas: precisar dividir o asfalto da RJ 121, a estrada que liga Vassouras a Miguel Pereira, com os automóveis, já que o mato alto toma conta do acostamento em diversos trechos.

 

Todo o trajeto está planejado para ser feito a pé, passando por trilhas históricas como o Caminho do Itupava (PR), os Caminhos do Mar (SP), o Caminho de Mambucaba (SP/RJ) e as travessias Petrópolis-Teresópolis e Lumiar-Sana (RJ). Em alguns pontos há a possibilidade de travessias de barco, já que a trilha passa por paisagens da Ilha de Santa Catarina (SC), Ilha do Mel (PR), Ilhabela (SP) e Ilha Grande (RJ).

Schnoor lembra que o Caminho é dividido em 15 núcleos de planejamento e articulação voluntária, o Núcleo Vale do Café é um núcleo especial, que visa trabalhar a conectividade florestal entre o Parque Estadual do Cunhambebe e a Reserva Biológica do Tinguá. “Para planejar o seu traçado trabalhamos em cima do mestrado de Caio Alves (UFRRJ), que projetou diversas possibilidades de corredores na região e associamos estes corredores com pontos turísticos. Com base nisso fizemos algumas reuniões presenciais e online com voluntários da região. A partir de maio vamos fazer uma série de reuniões presenciais e mutirões de sinalizações para deixar o caminho sinalizado de Petrópolis até Paracambi, passando por Paty, Miguel Pereira, Vassouras, Mendes e Engenheiro Paulo de Frontin”.

 

Geógrafo e educador ambiental, Chico Schnoor conversou com Julietta antes do início da travessia. “Como coordenador nacional, avisei a Julietta que muitas partes do Caminho ainda não tinham o traçado definido e em outras faltava sinalizar, mas que com a grande rede de voluntários e parceiros do Caminho ela teria chances de realizar a travessia e ser a primeira pessoa a completar a grande trilha. Chega a ser emocionante ver realmente quanto a galera tem se empenhado em ajudar e as inúmeras mensagens de força e carinho que ela vem recebendo em sua jornada”.

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